Esta semana almocei na Padaria Barão de Itapura, aberta 24 horas, e onde se serve tudo o que há de melhor, inclusive o almoço. Por preço extremamente justo, degustei um delicioso filé à parmigiana que recomendo a todos os caríssimos amigos e leitores. O filé, de primeiríssima, não chega a doze reais. É caro?
Durante o delicioso almoço fui acompanhado pelo Manuel Carlos Teixeira Paiva, proprietário, torcedor do Bugre, do Futebol Clube do Porto (onde mantém um camarote), admirador da administração da Ponte Preta, e, filho do Manuel Marques Paiva, para mim, o melhor presidente que o Guarani já teve em toda a sua história.
O Manuel, formado em Odontologia e com vários cursos em Artes Culinárias. É o tipo da pessoa que discute qualquer assunto com conhecimento e muita sabedoria: saber falar e saber ouvir. Porém, mais de uma hora, falamos sobre futebol, esporte que ele praticou jogando como goleiro em sua epoca de colégio e faculdades.
Eu disse falamos?
Não, quem falou foi ele. Manuel, com extremo conhecimento de quem está sempre percorrendo a Europa, falou do custo financeiro sobre o futebol brasileiro.
--- "Cara? O futebol aqui, embora o ingresso custe menos que quinze dolares, é caríssimo", afirmou ele.
Aqui se paga um milhão de reais para um técnico sem contar os gastos com a Comissão Técnica, e não se exige resultados; não se exige uma planificação que fique para o clube quando ele, o técnico, for embora. A diretoria sem conhecimento e muitas vezes omissa, contrata quem o técnico indica. Isto significa o seguinte: deu certo, ótimo. Não deu? O clube que se vire. Entendeu?, disse Manuel.
E mais, continuou Manuel Paiva:
---O torcedor paga trinta reais e não tem sequer um banheiro decente. No estádio e em seu entorno não tem local demarcado para para estacionar o veículo. Não há restaurantes e lanchonetes, onde você possa chegar com a família bem antes do jogo e passar momentos agradáveis. Um copo de água, no estádio, custa três reais.
Para urinar, além de arregaçar as pernas da calça, pisar só com os calcanhares, você ainda tem que disputar um lugar com mais de uma dezena, centena, sei lá quantas pessoas para por fim a sua angustia, entendeu? Então, meu caro Fauzi, enquanto os times no Brasil não oferecer uma estrutura decente ao torcedor, cada vez mais o público vai se afastando do estádio. Você tem notado o público pagante dos últimos jogos?
Agora, pergunto, disse Manuel:
---Como é que querem manter um bom time pagando os salários que estão pagando, com patrocínio cada vez mais raro e com o público sumindo?
Então, Manuel, qual a solução?, perguntei.
- Olha, o único time brasileiro que está mais ou menos no caminho certo é o São Paulo. De duas uma: ou você manda uma comissão fazer um curso de gestão sobre futebol na Europa, ou, para amenizar um pouco, no Morumbi, com o pessoal do São Paulo.
Pois é. Sai da padaria feliz com o filé à parmigiana degustado, com a aula sobre gestão empresarial no futebol, e levando para casa um delicioso bolo de mandioca (aipim), o mais vendido lá na Padaria. Porém, não posso negar, também sai com a cabeça fervendo por pensar sobre a pobreza e futuro do nosso futebol.
Quantos times já fecharam suas portas no Estado de São Paulo, o estado mais rico, organizado e torcidas com ótimo poder aquisitivo? Quantos já colocaram os estádios à venda? Quantos clubes mudaram seus nomes e hoje vivem à custa de empresários?
E, foi baseado nessas questões todas que estou prevendo o fim de tradicionais clubes. Os estádios? - Bem, os estádios terão, certamente, o mesmo fim dos cinemas: serão vendidos para igrejas ou para algum empresário do ramo de Festa do Peão. É uma pena!
fauzikanso@hotmail.com
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