Perrone
Em
meio a ameaças de agressão e de protestos do lado de fora da Vila
Belmiro, o Conselho Deliberativo do Santos faz nesta quarta uma reunião
para lavar a roupa suja que sobrou da venda de Neymar. O desejo de
parte expressiva dos conselheiros é caçar cartolas que eles
consideram culpados por um mal negócio para o clube. Por isso, prometem
um bombardeio de perguntas sobre a venda.
Por causa da tensão, a
segurança será dobrada e a Polícia Militar já foi chamada para ajudar a
proteger os cartolas na entrada e na saída, pois torcedores prometem
protestar na rua.
Segundo Paulo Schiff, presidente do Conselho
Deliberativo, dez seguranças trabalharão nesta noite na Vila Belmiro, o
que significa o dobro do número de profissionais usados normalmente.
Além deles, dois carros da Polícia Militar são aguardados. A PM não
costuma ser chamada.
Depois da goleada por 5 a 1 aplicada sobre o
Corinthians, torcedores tentaram agredir o presidente em exercício,
Odílio Rodrigues, juntamente com outros cartolas. Os vândalos se diziam
revoltados com as últimas informações sobre a venda de Neymar, reveladas
após a Justiça espanhola passar a tratar do caso. Odílio tem sofrido
ameaças e a polícia investiga suspeitos.
“É um momento violento,
mas não só no Santos. A sociedade está violenta. Então, é melhor
prevenir do que remediar”, afirmou Schiff sobre a segurança reforçada.
O
principal alvo de críticas dos conselheiros, Luis Alvaro de Oliveira
Ribeiro, o Laor, não estará presente. Ele não foi convocado por estar de
licença médica.
“É melhor ele aparecer mesmo licenciado. Se não
for à reunião, vai segurar a batata quente sozinho já que os outros
estarão lá para dar suas versões”, disse Celso Leite, conselheiro que
já votou em Laor, mas hoje está na oposição.
Luis Alvaro não foi
localizado para falar sobre o assunto, mas interlocutores do cartola
alegam que ele foi proibido por médicos de comparecer a reuniões do
conselho.
Os conselheiros querem saber do presidente afastado por
qual motivo ele não revelou que tinha assinado um documento em 2009,
antes do Mundial de Clubes, autorizando Neymar a negociar com times
interessados.
Outro desejo de membros do Conselho é de que o
contrato da venda do atacante seja exibido para todos eles, o que não
deve acontecer, ao menos nesta quarta. Vagner Lombardi, integrante da
Associação Movimento Resgate Santista, já havia pedido formalmente para
ler o contrato logo depois da venda, mas não foi atendido. A Resgate
votou na atual diretoria, mas passou a divergir e criticar a
administração
Lombardi está entre os que defendem a tese de que os
dirigentes respondam com seus bens, caso fique comprovado que o Santos
foi prejudicado. A suspeita acontece desde que a Justiça espanhola
levantou a hipótese de o Barça ter mascarado a compra dos direitos
econômicos do atacante ao dar 40 milhões de euros para a empresa dos
pais do craque. Nesse cenário, descartado pelo pai do jogador, Santos
(55%), DIS (40%), empresa do Grupo Sonda, e Teisa (5%), que tem entre
seus integrantes conselheiros santistas, teriam sido lesados por não
receberem suas partes. O clube recebeu 17,1 milhões de euros para
dividir com os parceiros.
Nesta terça, a direção santista divulgou
no site do clube que entrou na Justiça para tentar obrigar a empresa
dos pais do jogador a mostrar os documentos de sua negociação com o
Barça, eliminando um dos pontos que seriam cobrados no Conselho.
No
encontro desta noite, a Comissão Fiscal do clube dará sua opinião sobre
a transação. Odílio e integrantes e ex-membros do Comitê de Gestão
também devem dar explicações.
Os principais críticos da negociação
prometem ir à Justiça para exigir do Santos a exibição do contrato de
venda se não ficarem satisfeitos com o que ouvirem na reunião. O
resultado do encontro também servirá para eles analisarem se existem
motivos para irem à justiça contra os dirigentes.
Veja abaixo questões que os conselheiros esperam ser respondidas sobre a venda de Neymar:
1 – A diretoria vai exibir o contrato na íntegra para quem quiser ler?
2 – Por qual motivo Laor não informou que havia dado autorização em 2009 para Neymar negociar com outros clubes?
3 – Os demais membros do Comitê de Gestão sabiam da autorização?
4 – Por que Laor não reclamou publicamente das exigências do pai de Neymar no exato momento em que elas foram feitas?
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