Apesar das controvérsias e contestações, é a parceria mais antiga do esporte nacional entre uma empresa privada e uma instituição esportiva, no caso o clube de maior torcida do “país do futebol”, com aproximadamente 35 milhões de torcedores.
Iniciada em 1984, sempre foi considerada de patrocínio, visando utilizar a propriedade uniforme do time rubro-negro. Foi uma novidade no Brasil, sendo positiva quanto à aceitação dos torcedores e da mídia esportiva, hoje já se tornou praticamente uma segunda pele estampada no uniforme do Mengão.
Em 1994 houve a alteração do nome impresso na camisa de Lubrax para Petrobrás, e posteriormente a inclusão do Cartão Petrobrás, ainda houve a extensão da marca para o uso em todos uniformes, agasalhos e roupas de viagem.
Os valores pagos ao clube são “utilizados” em sua maior parte para o futebol, com pagamentos de salários e outros, ficando as modalidades olímpicas do Flamengo em segundo plano. Essa é uma das questões que gera muita crítica da opinião pública, pois a logomarca da estatal também aparece nos uniformes dos atletas dos outros esportes, a não ser por um período de 2007, onde o clube solicitou a retirada e foi atendido.
A primeira questão exposta é que o clube poderia conquistar outros patrocínios, de empresas privadas, devido à imensa torcida que possui.
Outro ponto a ser estudado é o porquê da Petrobrás, que é um monopólio do setor petrolífero no país, não aparecer nas pesquisas de marcas associadas ao futebol, sendo assim, não seria um bom negócio estar associada ao Flamengo.
Além de haver, na verdade, um efeito contrário, devido aos problemas históricos do clube com atrasos de salários e outros de gestão, trazendo fatores negativos à marca. Diante disso ficam algumas lacunas, como a falta de preocupação da estatal quanto ao destino dos recursos repassados ao Flamengo. Será que todos os gestores da petrolífera são flameguistas, deixando a paixão superar o profissionalismo? Não acredito nessa hipótese, então essa pergunta fica sem uma resposta concreta, pois nem um dos parceiros apresenta transparência sobre os valores dessa união.
A opinião pública possui razões para colocar em xeque essa parceria, pois a gestão do Flamengo nunca foi exemplar, isso se torna claro quando verificamos o histórico em relação às dívidas do clube junto ao INSS, que está na lista da Timemania para receber a sua certidão negativa.
Não se pode questionar que a Petrobrás escolhe quem e o que patrocina, pois possui uma verba destinada a isso, sem a necessidade de licitação.
Uma certeza sobre a parceria é clara: Que a Petrobrás se associou ao clube devido as importantes conquistas internacionais no ano de 1981 (Copa Libertadores da América e Mundial Interclubes), o que não explica essa continuidade até os dias de hoje, já que o Flamengo não obteve mais nenhum título de expressão internacional.
Se a estatal visa à publicidade da marca mundialmente, é sem sombra de dúvidas que o patrocínio a escuderia Williams na F1, através do fornecimento de combustível, é muito mais lucrativo, devido à associação a tecnologia das competições automotivas, e devido a grande exposição comercial da categoria, que possui uma das maiores audiências televisivas do esporte mundial hoje.
O único objetivo plausível para essa parceria durar tanto tempo, seria a de que a Petrobrás sendo uma empresa estatal, deveria estar associada a uma equipe de massa, para dessa forma agradar a uma maior parte da população com sua associação a um esporte popular no país, como o futebol, mas aí entra outra questão.
Em épocas da grande importância da responsabilidade social nas instituições, onde as empresas buscam cada vez mais contribuir socialmente, porque não associar a marca a projetos que visem à melhoria de qualidade de vida das camadas baixas, de onde são provenientes a maioria dos torcedores de futebol? Podendo ser através de modalidades que não possuem grandes apoios financeiros.
A estatal também não verificou que o mercado esportivo mundial e brasileiro sofreu uma metamorfose, e que hoje os clubes que possuem maior retorno, não são os de maior torcida e sim aqueles que possuem uma gestão profissional, sendo assim, com a falta de bons dirigentes no clube carioca, a melhor estratégia seria procurar clubes que conquistaram destaque mundial, como Grêmio, Internacional e São Paulo. E indo mais além ainda, até o próprio Corinthians, que possui a segunda maior torcida do Brasil e que conquistou o primeiro título mundial de clubes da FIFA.
A parceria Flamengo e Petrobrás está clara que é de mão única, pois trás benefícios apenas para um lado envolvido, o do clube carioca.
A renovação do contrato até dezembro desse ano gerou muitas páginas na mídia brasileira e internacional, pois se tornou uma novela de dezembro de 2007 até o meio de março desse ano.
O imbróglio se deu porque o Flamengo fez uma proposta oficial de renovação de patrocínio no valor de R$ 15,7 milhões, com adicional de R$ 500 mil em caso de classificação do time para a Copa Libertadores da América. O adicional não foi aceito pela Petrobrás, já que não existiu no contrato anterior, e ainda incluiu as modalidades olímpicas, que haviam sido retiradas.
O contrato não foi assinado devido a especulações do clube, de ter recebido propostas mais altas, sendo a maior em torno de R$ 23,5 milhões, elevação de cerca de 50% ao que havia sido acordado com a estatal, que fez uma contraproposta de R$ 16,2 milhões, incluindo o direito de patrocínio da Fla TV. O Flamengo renovou o contrato com a Petrobras por um ano nesse valor.
Dessa maneira podemos verificar o atraso na gestão flamenguista, e a falta de visão da Petrobrás quanto a investimentos em propostas mais consistentes.
A parceria mais antiga do esporte brasileiro, entre uma empresa estatal e uma instituição esportiva tende a terminar, devido à falta de um planejamento profissional de ambas as partes.
- Campeão Carioca – 1986, 1991, 1996, 1999, 2000, 2001, 2004 e 2007.
- Campeão Brasileiro – 1987 e 1992 (antes da parceria 3 títulos).
- Campeão da Copa do Brasil – 1990 e 2006.
- Campeão da Copa dos Campeões – 2001.
- Campeão da Copa Mercosul – 1999.
Karl Pinheyro
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