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20 de jun. de 2011

Show de Gestão


Período altamente produtivo, acompanhando de perto a reta final dos preparativos para Londres 2012.

Foram várias visitas à Vila Olímpica, a principal acompanhado de Pablo Ibanez, Country Manager da CH2MHill no Brasil e com Kenneth Durbin, Diretor de Serviços Técnicos da mesma empresa. CH2MHill é a cia planejadora e gestora da concepção e da construção do complexo olímpico, fruto do consórcio vitorioso da licitação realizada pela Autoridade Olímpica Inglesa. A empresa criou um rigoroso e detalhado sistema de supervisão de toda a obra, somada a responsabilidade de três anos após Londres 2012 para garantir a passagem da gestão da sustentabilidade e do legado deixado pelos jogos.

Chegamos a Vila no Bairro de Strattford. Na Vila, forte esquema de segurança com rigor absoluto na entrada e com boa recepção dos poucos visitantes. Apresentação longa e consistente de Mr. Ken, que enfatizou o extenso planejamento realizado (2 anos), sem o qual nenhum tijolo sequer foi colocado. Bom sistema de governança publica com participação no Board de todos os setores envolvidos, com clareza do comando da Autoridade Olímpica, que repassa grande parte da operação ao Consórcio supracitado, que no pico teve mais de 800 funcionários trabalhando full time.

Precisão no cumprimento do orçamento revisto a partir da escolha de Londres, que elevou o previsto de 2,4 bilhões de libras para 9,4. Há previsão real de entrega do complexo com gasto inferior a este ultimo valor. A crise econômica ocorrida em 2008 exigiu dos gestores fórmulas inovadoras e corajosas, para, dentro do previsto, encontrar mecanismos que pudessem responder tanto a elevação dos preços dos materiais, bem como a evasão de parceiros privados que abandonaram o projeto por desequilíbrio econômico financeiro, sendo substituídos pela Autoridade Olímpica, notadamente na área das moradias.

Fatos novos exigiam dos gestores o uso consistente da reserva de contingência, que já tinha sido fortemente utilizada quando da eclosão da crise. Os parâmetros da sustentabilidade, acessibilidade, transparência, prazos, energia limpa e renovável, governança, parceria público privada, estética, conforto, legado e trato adequado do dinheiro público, não foram apenas expressões de um sonho ou de uma bandeira política, mas efetivamente em todos os instantes levados a cabo.

Em decorrência do complexo quadro de terrorismo internacional a segurança é absolutamente prioritária . Controles, cancelas, câmeras, cães farejadores e um moderno sistema eletrônico de supervisão, são alguns itens conhecidos que farão deste, provavelmente , o evento com maior segurança da história das Olimpíadas . Vale relatar a ocorrência de um fato: todo o sistema foi acionado quando foi detectado um pó suspeito, que nada mais era do que material de treinamento dos cães farejadores.

Neste momento, o Parque Olímpico, com suas alamedas, viadutos, moradias, ginásios, estádio, centro de mídia, usina de energia, meio ambiente, iluminação etc, está em fase final de conclusão, apesar da forte aparência de canteiro de obras.

Estádio Olímpico, parque aquático, ginásios de basquete, handball, velódromo… são todos gigantes que ficarão para a história pela sua beleza, grandiosidade e funcionalidade.

O que mais surpreende é o planejamento perfeito, a construção rápida , os controles rigorosos, os indicadores precisos e os princípios e valores que comandaram a realização das obras físicas .

O planeta, o Reino Unido, Londres, londrinos, não serão os mesmos após este vendaval de gestão e planejamento adequados, centrados na busca do sucesso do evento, com um legado para os próximos 100 anos.

O princípio da sustentabilidade é traduzido pelo uso dos materiais , o trato do solo, a recuperação das áreas degradadas e dos braços dos rios que penetram e circundam a Vila Olímpica, além da preocupação com a economia de longo prazo, ficam como experiência singular a ser implementada num mundo mais preocupado hoje com o Efeito Gaia, do que com a sua solução.

As futuras gerações e o conceito de construção erecuperação com preservação ambiental devem ser os parâmetros permanentes em todas as ações que venhamos a realizar de origem publica ou privada.

Londres 2012 pode ser uma nova página da humanidade, pelos novos métodos construtivos, novos códigos de obras, novos modelos de uso e ocupação do solo, novas logísticas de transporte, nova visão sobre as cidades, enfim, Londres como o mais moderno centro de operação do planeta.

Sem solução dos graves conflitos das cidades, não há soluções para a Sociedade, pois é nelas que mora, trabalha e vive a maior parte da população mundial. No início deste século, talvez nos tenha sido oferecido um extraordinário laboratório de experiências e de novas práticas urbanas, que não pode ser apequenado pela abertura, pelos recordes, pelas medalhas e pelos pódios. Olimpíada, ensinam os ingleses, é muito mais do que isso.

Não podemos perder esta oportunidade !!!!

http://www.walterfeldman.com.br/?p=209

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