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19 de abr. de 2011

Gestão do esporte é foco de mestrado da Fifa

Laura Cortizo Do Blog do Torcedor

Alexandre é um dos dois brasileiros da 11ª edição do programa

Alexandre é um dos dois brasileiros da 11ª edição do programa
Foto: Divulgação

Quando falamos em Fifa, logo pensamos em campos de futebol, em visitas técnicas, em Copa do Mundo. Raramente associamos o órgão máximo do futebol mundial à rotina das salas de aula. Mas é exatamente nisso que se concentram os 28 jovens que participam da 11ª edição do programa de mestrado da instituição, o Fifa Master, voltado para gestão dos esportes.

O Fifa Master começou em 2000, numa parceria da Fifa, que patrocina o curso, e o Centro Internacional do Estudo do Esporte (Cies), uma instituição suíça. Através do programa, jovens de diversas partes do mundo têm aulas divididas em três módulos, cada um em uma universidade diferente da Europa: DeMontfort University, na Inglaterra; SDA Bocconi, na Itália; e Université de Neuchatêl, na Suíça.

A rotina de estudos é intensa durante os 11 meses em que se desenvolve o programa. Muitos seminários, muita leitura, muitas palestras sobre assuntos que vão de história dos esportes, plano de negócios e marketing até órgãos regulatórios, direito esportivo, contratos de patrocínio e financial fair play. Além disso, há momentos de mais descontração, como jogos de futebol contra outros mercados. As partidas vêm sempre acompanhadas de um jantar ou um coquetel e ajudam na ampliação da rede de contatos dos mestrandos, que já jogaram contra o MBA de Sports Industry de Liverpool, contra alunos do curso de Sports Management de Parma, na Itália, e contra funcionários da Fifa.

“O curso dá um background muito importante pra atuar na Indústria do esporte”, garante o publicitário pernambucano Alexandre Neves Almeida, 28 anos, um dos dois brasileiros que participam da 11ª turma do programa, que termina na metade deste ano. Ele conta que a multiplicidade de formação e nacionalidades distintas dão um clima ainda mais interessante à sua classe. São jovens de 22 países diferentes com formações que vão de engenharia a direito, passando por finanças, jornalismo e marketing.

“Muita coisa pra ler; aula o dia inteiro; tem tanto papel que nem cabe nas malas. Minha turma tem aula todo dia, das 9h às 17h30, mas normalmente a gente passa disso. Quando não é aula, são visitas a clubes, estádios ou associações ou aulas com palestrantes convidados que passam uma manhã ou uma tarde fazendo uma apresentação”, explica. Antes mesmo de chegar à Suíça, onde ficam as sedes do COI e da Fifa, o publicitário já colecionava experiências importantes, como a visita a Wimbledom, ao Manchester United e ao Manchester City e uma palestra com David Goldblatt, autor do livro The Ball is Round, sobre a história do futebol.

Sobretudo com a proximidade de eventos como a Copa do Mundo e as Olimpíadas no Brasil, não tem como não enxergar o nosso país de forma diferente depois de tantas aulas. “O Brasil é a bola da vez. Daí a gente não tem ideia de como o mundo está de olho no Brasil. Foi o último país a entrar na crise e o primeiro a sair, tem uma economia estável, com oportunidades de crescimento e vai sediar os dois principais eventos esportivos do mundo em sequência”, destaca Alexandre.

Mas ele lembra também um aspecto que vem se tornando cada vez mais questionado por aqui: a necessidade de uma maior capacitação entre os brasileiros. Tanto por parte dos profissionais quanto das instituições de ensino e dos próprios órgãos de referencia no esporte ainda falta um longo caminho rumo à qualificação ideal. “Tenho visto muitos cursos de marketing esportivo e gestão esportiva aparecendo de repente, mas tenho sérias dúvidas se estão realmente formando profissionais com conhecimento suficiente para atuarem com a responsabilidade e qualidade que o mercado exige”, avalia.

Com aulas em países-chave para o esporte, o Fifa Master é referência. Basta olhar para onde foram os ex-alunos do programa. Em torno de 90% deles atuam na área nos cinco continentes e tem ex-alunos atuando por exemplo na Fifa, no COI, em clubes europeus e em Federações Internacionais. Alexandre ainda não decidiu exatamente o que vai fazer depois do curso, mas não se preocupa tanto com isso. “Ainda não tenho certeza de qual será o meu trabalho depois do curso, mas sei que vou sair com conhecimentos e experiências bastante para trabalhar pelo esporte em qualquer lugar do mundo”, afirma.

Postos de trabalho demandando profissionais com esse tipo de formação também não deverão faltar, sobretudo no país para onde todos direcionam o foco nesta década. “Minha área preferida é a gestão de patrocínios, uma área que exige conhecimentos em marketing, comunicação e, claro, esportes. É muito comum a gente ver, não só no Brasil, empresas investindo em esportes sem ter um planejamento bem feito e sem medir os resultados da maneira certa”, diz Alexandre.

Para obter um diploma tão bem conceituado, contudo, o ivestimento é alto. O curso custa 25 mil francos suíços, e o CIES sugere mais 20 mil francos suíços para as despesas. Isso significa uma média de 85 mil reais, contando com as despesas de morar 11 meses nos três países diferentes nos quais se desenrola o curso. As instituições parceiras oferecem duas bolsas de curso e despesas para africanos, pois que a Fifa tem uma politica investir no desenvolvimento do futebol naquele continente. Além disso, há duas outras bolsas que cobrem os custos apenas do curso para alunos de qualquer nacionalidade.

Apesar de o processo seletivo para o programa ser rigoroso e exigir um alto nível de inglês dos postulantes, é também bastante objetivo. “O que eles querem é, através do currículo e do que o aluno escreve na entrevista, ter certeza de que ele tem o perfil para trabalhar pelo esporte”, diz o pernambucano. Para os interessados em participar da seleção do programa, a dica é uma só: determinação. As inscrições para a 12ª turma já estão encerradas e as para a 13ª abrem no mês de setembro. É só ficar atento ao site do programa.

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