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12 de set. de 2010

Tênis brasileiro tem "teste" na Copa Davis e na gestão da Confederação Brasileira de Tênis


Dois anos depois da aposentadoria de Gustavo Kuerten, o maior tenista brasileiro da história, o tênis nacional mostra lenta evolução, especialmente pelo aumento do número de competições no país e o aparecimento de um tenista de ponta, o paulista Thomaz Bellucci. A menos de uma semana de um confronto decisivo contra a Índia na repescagem do Grupo Mundial da Copa Davis, entretanto, o Brasil terá sua maturidade no esporte testada, dentro e fora das quadras.

A equipe do capitão João Zwetsch joga a partir da próxima sexta-feira (17) na cidade indiana de Chennai, um embate imprevisível contra os donos da casa. O país que vencer sobe para a elite da competição em 2011, o Grupo Mundial, formado por 16 países. O Brasil, semifinalista da Davis em 1992 e 2000 (com Guga), não joga na primeira divisão há sete anos.

Zwetsch, técnico pessoal de Bellucci durante o ano, afirma que o país está pronto para voltar ao Grupo Mundial, e lá permanecer entre os melhores. Segundo o capitão, boa parte da força da equipe cabe a Bellucci, hoje o 28º melhor tenista do circuito profissional.

- Eu considero que o time está preparado para isso. Evoluímos nos últimos anos e acho que já merecemos estar nesse grupo. Temos condições de permanecermos no Grupo Mundial. E não é exagero dizer que o Bellucci responde a 50% da responsabilidade de vencer os confrontos.

Nos últimos quatro anos, o Brasil esteve próximo de retornar à elite, mas perdeu na repescagem. O primeiro carrasco foi a Suécia, em 2006 (3 a 1). Em seguida, a Áustria venceu em 2007 (4 a 1) e a Croácia ganhou em 2008 (4 a 1). No ano passado, um tropeço imperdoável: o time encarou a modesta equipe do Equador, em São Paulo, e acabou perdendo por 3 a 2.

Este ano o Brasil mostra mais força, com tenistas melhores colocados no ranking. O experiente Ricardo Mello, 81º do mundo, passa por bom momento e jogará na Índia. Os mineiros Marcelo Melo e Bruno Soares estão mais entrosados, enquanto Bellucci alcançou em julho a 21ª posição da lista, se tornando o segundo melhor da história brasileira. Ele alerta, porém, que para o Brasil se manter no Grupo Mundial, é preciso mais do que um time experiente.

- Não vai depender apenas de mim ou da experiência dos jogadores. Vai depender de como a equipe será montada e da fase de quem vai jogar. Não adianta nada termos experiência e não termos mais gente na frente, no top 100 [zona dos 100 primeiros do ranking].

O aviso de Bellucci faz sentido. Além da estrela de 22 anos, o único outro brasileiro entre os 100 é Mello, que completa 30 anos em dezembro. O país tem cinco tenistas entre os 200 melhores, a mesma média dos últimos anos. Na zona do top 200, o Brasil tem João "Feijão" Souza (134º), Thiago Alves (139º) e Marcos Daniel (149º), este último um veterano de 32 anos.

Porém, para o presidente da CBT (Confederação Brasileira de Tênis), Jorge Lacerda Rosa, o quadro atual é positivo. O país agora tem uma boa estrutura de torneios menores, diz ele, responsáveis pela preparação da base do tênis e evolução no ranking profissional.

- Somos hoje o país com mais torneios futures [o de menor categoria] no mundo. Temos aproximadamente 60 eventos desses por ano, sendo 20 no feminino. Antigamente não tínhamos ninguém no top 100, agora temos dois. No tênis juvenil, tivemos nesse ano um número 1 do mundo e um campeão sul-americano.

Se no cenário juvenil as coisas melhoraram com o título de Tiago Fernandes no Aberto da Austrália em janeiro e sua subida ao topo do ranking, o tênis feminino continua um "deserto". A melhor colocada é Maria Fernanda Alves, 342ª da lista mundial, uma das sete tenistas nacionais entre as 500 melhores.

Críticas à gestão da CBT

Na última quinta-feira (9), a CBT anunciou a entrada de um novo patrocinador para a entidade, assim como a continuidade da parceria com a estatal Correios. O evento em São Paulo, que também serviu como coletiva de imprensa da Copa Davis, mostrou em tom de festa o bom momento da entidade.

Apesar de ter sofrido recentemente duras críticas sobre a falta de transparência da CBT por antigos aliados, como o tenista Fernando Meligeni e o empresário Nelson Aertes, Jorce Lacerda rebate os ataques e diz que sua gestão trouxe credibilidade e interesse de investidores.

- Quando assumimos a Confederação, passamos anos fazendo uma reestruturação completa. Nós dificilmente conseguíamos conversar com alguma empresa. Hoje, a CBT é transparente, a a única confederação que divulga o balanço trimestral no site oficial.

O cenário "positivo" do tênis brasileiro que Jorge Lacerda aponta poderá ser testado na próxima temporada, quando alguns tenistas juvenis como Tiago Fernandes terão de se profissionalizar definitivamente, além da possibilidade do surgimento de novos talentos nos torneios de base. A ida ou não do Brasil para a elite da Copa Davis será outro "termômetro" da real maturidade do esporte.
Fonte: R7

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